terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO

Miguel Paiva - O Globo - 18/01/09


“Decididamente estou precisando ir ao médico e pedir um remédio contra a falta de memória. Ou melhor, uma amiga já me deu dois vidros de umas pílulas vermelhas contra a falta de memória, mas é exatamente a minha falta de memória que me faz esquecer de tomá-las...”
(Extraído da crônica de Clarice Linspector: “Cérebro Eletrônico – O que sei é que é tão pouco” – JB, 13/07/68)

“Na quinta década havia começado a imaginar o que era a velhice quando notei os primeiros ocos da memória. Revirava a casa buscando meus óculos até descobrir que os estava usando, ou entrava com eles no chuveiro (...) Naquele tempo tinha na memória uma lista de rostos conhecidos e outra com os nomes, mas no momento de cumprimentar não consegui que as caras coincidissem com os nomes”.
(Extraído do livro de Gabriel Garcia Márquez: “Memória de minhas putas tristes – Prêmio Nobel de Literatura/ 1982)


Em todos os meios de comunicação, na mídia, no dia-a-dia, sempre há alguém reclamando, de uma maneira ou de outra, da sua memória, não é mesmo? Vide exemplos acima.

Todos, salvo algumas exceções, atribuem, erroneamente, esta alteração à velhice. É fato, que com o passar dos anos o nosso cérebro fica mais lento, mais preguiçoso. Entretanto, a capacidade do homem de aprender e recordar permanece intacta durante toda a vida, desde que a pessoa seja ativa e saudável.

Atualmente, problemas de memória têm atingido pessoas de várias idades, inclusive os mais novos, devido ao acúmulo de informações que nos chegam por diversos meios ao mesmo tempo (jornal, rádio, TV, revista, internet, etc). E o estresse - grande vilão da atualidade -também tem contribuído bastante para isso.

Muitos idosos transformam esquecimentos normais em verdadeira catástrofe. Rejeite uma visão negativa do envelhecimento! Observe as inúmeras pessoas mais velhas que mantiveram sua memória em excelente estado. Retire o exemplo da sua própria família: lembre daquela pessoa que não esquece um aniversário, uma receita familiar, um telefone ou compromisso importante.

O cérebro só precisa trabalhar para manter-se bem. Verdi compunha óperas aos oitenta e um anos. Roberto Marinho trabalhou com mais de 90 anos. Oscar Niemayer continua fazendo projetos em arquitetura. E tantos outros.

Preste atenção aos seus sucessos de memória e não se apegue somente as falhas; tenha uma atitude positiva em relação a ela, pois desde que você se mantenha intelectualmente ativo e não tenha um problema de saúde importante, o seu cérebro continuará trabalhando a contento.

Confie nisso!

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